Viés de Confirmação: como ficamos menos inteligentes

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Você já ouviu falar em viés da confirmação? É um viés cognitivo, também denominado como coleta seletiva de evidências, que constantemente presenciamos nas redes sociais e na internet. É algo que nós tendemos a fazer frequentemente: buscar apenas informações que validem as ideias que já temos como certa.

E se valendo dessa necessidade humana de confirmação dos seus próprios ideais, as redes sociais que utilizamos reforçam isso quando muitas vezes nos entregam conteúdos enviesados, alinhados com os mesmos padrões de ideias que já defendemos. De tal modo, nos geram uma maior satisfação ao utilizá-las e nos induzem a curtir mais os conteúdos que nos são apresentados.

Mas, afinal, qual o grande problema nisso? É que quanto mais somos expostos aos conteúdos similares aos nossos, à ideias que confirmem um pensamento que já tínhamos, mais nos tornamos intolerantes quando ocasionalmente dos deparamos com pensamentos diferentes. Como nos acostumamos a observar dentro desse contexto uma maioria que pensa como nós, através de uma análise superficial deduzimos que aquele que exprime uma ideia contrária está necessariamente errado.

Ao vermos conteúdos que apenas reforçam nossas ideias já pré-concebidas, nos tornamos incapazes de observar por outras perspectivas, fazendo com que consequentemente nosso aprendizado seja mais restrito. Se analisarmos, por exemplo, o avanço da ciência, quantas conclusões e descobertas só foram possíveis depois da junção de teorias distintas? Portanto, ao não vermos ou buscarmos ideias que divergem das nossas, aprendemos menos e podemos ter conclusões distorcidas.

Um exemplo palpável dessa questão pode ser visto se analisarmos a geometria: você pode ver um cilindro de uma vista frontal e afirmar que é um retângulo, certo? Ao mesmo tempo, se outra pessoa analisar pela vista superior, afirmará com propriedade que se trata de um círculo. Só se torna possível enxergar o que de fato esse objeto é, a partir do instante que transitamos por perspectivas diferentes.

Do mesmo modo, acontece com nossos pensamentos e aquilo que acreditamos ser o certo. Quando unimos uma tendência do cérebro humano de promover uma busca seletiva por informações com os mecanismos potencializadores implementados na maioria das redes sociais que compõem nosso dia a dia, nos privamos dos dados completos para se formar uma opinião mais consistente e nos tornamos cada vez menos inteligentes.

Além da interferência que temos em nossa inteligência, o viés da confirmação especialmente inserido em um ambiente cibernético, induz julgarmos mal outras pessoas, tanto enaltecendo aquela que apresenta uma ideia consonante com a nossa quanto diminuindo aqueles que divulgam ideias diferentes. Além de, consequentemente ampliarmos nossa capacidade de intolerância e preconceito.

Cognitivamente é muito mais satisfatório nos sentirmos certos, ouvirmos e vermos informações que confirmem nossas ideias, nosso ideais sociais e políticos. Entretanto, é muito mais útil para a construção da nossa inteligência sermos capazes de buscar justamente conteúdos que nos contradizem.

Com esse entendimento, vale refletirmos também quantas vezes usamos as redes sociais como fonte de informação. Será que elas são realmente as melhores ferramentas para o aprendizado? Quando elas na verdade alimentam ainda mais os nossos vieses de confirmação, como dito anteriormente, deixamos de aprender aquilo que realmente precisamos, que é justamente o que não sabemos.

Curte esses temas mais ligados a psicologia organizacional? Então leia também sobre Efeito Dunning-Kruger!

Autor

  • Nathália Cirne

    MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ; Especialista em Marketing e Design Digital pela ESPM e em Gestão em Saúde pela UniAmérica, Bacharela em Projeto de Produto em graduação-sanduíche com MSc. em Design per il Sistema Moda pela Politecnico di Milano. Discente do MBA em Digital Business na USP, das Especializações em Psicologia Organizacional e Gestão de Equipes na PUC e em Neurociências e Psicologia Aplicada na Mackenzie, das Graduações em Sistemas de Computação pela UFF e em Biomedicina e em Nutrição no IBMR.

Nathália Cirne

Author: Nathália Cirne

MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ; Especialista em Marketing e Design Digital pela ESPM e em Gestão em Saúde pela UniAmérica, Bacharela em Projeto de Produto em graduação-sanduíche com MSc. em Design per il Sistema Moda pela Politecnico di Milano. Discente do MBA em Digital Business na USP, das Especializações em Psicologia Organizacional e Gestão de Equipes na PUC e em Neurociências e Psicologia Aplicada na Mackenzie, das Graduações em Sistemas de Computação pela UFF e em Biomedicina e em Nutrição no IBMR.