Já ouviu falar em Crescimento Pós-Traumático ou em sua sigla CPT? Esse conceito foi proposto pelos pesquisadores Richard Tedeschi e Lawrence Calhoun na década de 90, sendo adotado posteriormente pela Psicologia Positiva, e trata de um marco quando indivíduos submetidos à eventos traumáticos experimentam um crescimento acentuado, profundo e transformador, em campos diversos da vida, desde a forma como enxergam e encaram o mundo até seus desempenhos profissionais.
Ao mesmo tempo que alguns quando passam por eventos de forte impacto emocional, como morte de um ente querido, episódios de agressão e a experiência de doenças graves como câncer, acabam desenvolvendo sequelas psicológicas que são prejudiciais ao dia a dia, outros indivíduos se inclinam para a direção oposta, experimentando um grande sentimento de gratidão.
O Crescimento Pós-Traumático permite que alguns indivíduos experimentem uma sensação sem igual de felicidade e satisfação com a vida, melhorando suas relações humanas e muitas vezes, inclusive, mergulhando em um estilo de vida de mais fé e religiosidade. Pequenos prazeres da vida passam a ter um brilho especial e uma importância maior e mais significativa dessas pessoas.
Esse movimento provocado pelo Crescimento Pós-Traumático pode ser percebido por muitos também nesse momento de pandemia, onde o medo generalizado de contaminação e da morte fez com que tantas pessoas passassem a mudar suas prioridades, dando maior importância a família, as relações amorosas e momentos de lazer ao invés das atividades trabalhistas e o reconhecimento profissional.
No entanto, a experiência de um Crescimento Pós-Traumático pode não só fomentar essa mudança nas relações pessoais, como pode também fomentar uma mudança completa na carreira, desde uma migração de área, quanto o investimento em um espírito mais empreendedor, permitindo até uma adoção de estilo de vida mais compatível e consonante com os desejos a serem alimentados na esfera pessoal.
E ainda que um indivíduo sofra inicialmente a experiência de depressão e ansiedade após um evento traumático, é possível que posteriormente – a longo prazo – desenvolva também os aspectos relacionados ao que se entende como Crescimento Pós-Traumático, concluindo ao final algo que se assemelha a célebre frase de Nietzsche “O que não me mata me fortalece”, como citada no livro “Florescer”, de Seligman.
Um possível exemplo se quisermos associar esse fenômeno a um assunto popular do momento, é o caso da travesti Linn da Quebrada, atualmente participante do Big Brother Brasil, o BBB 12, que relatou ao longo do programa a experiência de ter vivido um câncer e após esse episódio decidir o que denominou de “matar o Júnior para que a Lina pudesse viver”, apontando uma reformulação do pensamento onde o medo de morrer ou uma situação de alto estresse pode ser capaz da pessoa renascer, se reestruturar sob um novo pilar, responsável por proporcionar um prazer pessoal muito maior.
Referências Bibliográficas:
SELIGMAN, M. “Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar“, 1ª edição, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Disponível em: https://unisalesiano.com.br/lins/wp-content/uploads/2021/05/FLORESCER-hoje-convertido.pdf. Acesso em 20 jan. 2022.