A cultura do fingimento: vale a pena mentir no currículo?

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Pode muitas vezes parecer tentador mudar o nome daquele cargo que não tinha tanto prestígio, informar atividades que na verdade nunca exerceu ou informar que cursou uma universidade que nunca cursou. Mas afinal, se tantas pessoas fazem isso, você não deveria também fazer?

A verdade é que ainda que se fale muito que essa ação pode até mesmo se enquadrar no artigo 298 do código penal, vemos muitos profissionais mentindo no currículo com muita naturalidade, com a certeza da impunidade e como ferramenta para se obter vantagem em relação aos outros candidatos.

Quem nunca viu um estagiário que no Linkedin se tornou “manager”, não é mesmo? Ou da gerente financeira que sequer sabe manipular um Excel, do candidato que informa ter ficado um ano em um emprego quando na verdade foi desligado no período de experiência, da profissional de marketing que sequer sabe subir conteúdo no Youtube ou até mesmo aquele executivo que informa ter cursado determinada instituição de ensino quando na verdade não cursou?

Infelizmente o que muitos não conseguem sequer perceber – o que pode até estar diretamente associado ao Efeito Dunning-Kruger – é que mais cedo ou mais tarde ficará visível que houve uma mentira, isso se essa questão já não ficar perceptível na entrevista ou no processo de regularização do RH ao consultar os dados da sua Carteira de Trabalho.

O risco que se corre ao mentir no currículo pode ser enorme e irreparável, ao ponto de ser ridicularizado no mercado de trabalho, independente do nível do cargo que você ocupe. Além disso, não é tão incomum que as relações profissionais de certa forma se interliguem com o passar dos anos.


Muitas coisas podem acontecer, como por exemplo ter um novo colega de trabalho em uma nova empresa que seja familiar do seu ex-chefe, uma negociação com outro executivo que realmente estudou no local onde você informa ter se formado, ou a visibilidade clara que acaba ocorrendo quando você informa ocupar um cargo que necessariamente domina certas ferramentas sem que no dia a dia você consiga realmente lidar com ela e demonstrar essa competência.

E quando a verdade vem, inevitavelmente ela ela se torna avassaladora. Muitas vezes parece ficção, ou apenas uma nova série na Netflix, mas temos como exemplo toda a história relatada em Inventando Anna, o célebre caso da Elizabeth Holmes, as fraudes de Bernard Madoff e o vergonhoso caso da brasileira Bel Pesce.

Claramente todos esses tiveram sim seus momentos de glória e viram um bom retorno inicial de suas atitudes inescrupulosas, mas quando desmascarados tiveram que lidar com consequências tão grandes de suas mentiras ao ponto de mancharem suas imagens para sempre. E honestamente, depois que a máscara cai, que empresa ou profissional irá arriscar dar um novo voto de confiança?

Como na frase atribuída ao Abraham Lincoln e por vezes ao francês Jacques Abbadie: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo.” E é assim que em algum momento o castelo de mentiras desmorona.

Autor

  • Nathália Cirne

    MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ; Especialista em Marketing e Design Digital pela ESPM e em Gestão em Saúde pela UniAmérica, Bacharela em Projeto de Produto em graduação-sanduíche com MSc. em Design per il Sistema Moda pela Politecnico di Milano. Discente do MBA em Digital Business na USP, das Especializações em Psicologia Organizacional e Gestão de Equipes na PUC e em Neurociências e Psicologia Aplicada na Mackenzie, das Graduações em Sistemas de Computação pela UFF e em Biomedicina e em Nutrição no IBMR.

Nathália Cirne

Author: Nathália Cirne

MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ; Especialista em Marketing e Design Digital pela ESPM e em Gestão em Saúde pela UniAmérica, Bacharela em Projeto de Produto em graduação-sanduíche com MSc. em Design per il Sistema Moda pela Politecnico di Milano. Discente do MBA em Digital Business na USP, das Especializações em Psicologia Organizacional e Gestão de Equipes na PUC e em Neurociências e Psicologia Aplicada na Mackenzie, das Graduações em Sistemas de Computação pela UFF e em Biomedicina e em Nutrição no IBMR.